Doença mais recorrente em idosos, o Parkinson tem sido um desafio para os neurocirurgiões em todo o mundo até os dias de hoje. No entanto, com tecnologias como a Gamma Knife – alternativa sem cortes, diferentemente da cirurgia tradicional – têm transformado a forma que a Medicina lida com o tratamento da doença.
“É uma excelente tecnologia, porém ainda restrita na América Latina”, conta Murilo Meneses, vice-presidente do XVIII Congresso da Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc). O evento, que ocorre em Foz do Iguaçu até 30 de março, tem como objetivo primário debater a neurocirurgia em suas principais instâncias.
Através de tecnologias menos invasivas, o paciente tem melhora acentuada nos sintomas e pode, inclusive, diminuir bastante a medicação. A cirurgia da doença está dentro, segundo Meneses, do que é chamado de neurocirurgia funcional e inclui, também, resolução de males como a epilepsia.
“Parkinson é uma doença que ocorre em cerca de 1% da população mundial e essa porcentagem vai aumentando com a idade: acima dos 65 anos já chega a 1,5%”, detalha. “É uma doença degenerativa e progressiva, cujo tratamento medicamentoso funciona bem nos primeiros anos da doença e, depois de um certo tempo, já passa a ter efeitos colaterais. Nessas circunstâncias pode haver uma boa indicação de cirurgia”.
De acordo com o especialista, as pesquisas mais recentes têm desenvolvido sistemas chamados de neuromodulação: um sistema reversível que, por meio do implante de eletrodos, normalmente um de cada lado do cérebro, funciona como uma espécie de “marca-passo”: envia impulsos que vão inibir ou controlar os núcleos desequilibrados. Assim, o paciente tem melhora acentuada nos sintomas e podem, inclusive, diminuir bastante a medicação.
“Nesse congresso, em particular, nós vamos discutir técnicas mais avançadas de se realizar tratamentos para essa doença”, detalha Meneses. “Existem poucos aparelhos de gamma knife na América Latina. E aqui, Curitiba é pioneira nesse tratamento. Já no que diz respeito à modulação, que é o padrão ouro (a cirurgia que mais funciona para a doença de Parkinson), serão discutidos detalhes técnicos da cirurgia, que podem torná-la mais rápida, mais segura e com melhores resultados”, conta.
Além de profissionais brasileiros, o evento terá a presença de especialistas norte-americanos, canadenses e europeus na sua programação. “Um dos objetivos do Congresso da ABNc é promover uma grande integração com colegas de vários países latino-americanos”, destaca Ricardo Ramina, presidente da ABNc.
“Para isso, organizaremos encontros com a Associação Argentina de Neurocirurgia, a Associação Colombiana de Neurocirurgia e com a Sociedade de Neurocirurgia do Chile, a fim de estreitar laços com nossos parceiros latino-americanos”.
Massa News, 02/04/2019