Ninguém deveria esperar a chegada dos 60 anos para começar a estimular o cérebro. Embora haja, naturalmente, um declínio cognitivo com o passar da idade, quem estiver precavido desde cedo consegue aumentar a reserva cognitiva para o órgão. Memória e atividades de rotina diária são mantidas por mais tempo e é possível, inclusive, diminuir o risco de doenças degenerativas, como o próprio Alzheimer.
Nas atividades mais conhecidas para estimular o cérebro, estão as palavras-cruzadas, o Sudoku, praticar pinturas, jogo da memória e a própria leitura, entre outros. Mas essas não são as únicas opções disponíveis atualmente, e nem as mais divertidas de praticar. A variedade vai desde exercícios físicos moderados a intensos - que, comprovadamente, melhora a circulação e o aporte sanguíneo no cérebro -, como ioga, Pilates, a práticas meditativas.
Mais importante do que se jogar em diferentes estímulos, porém, é descobrir aquilo que você gosta de fazer. "Quando fala em aprender novos idiomas, por exemplo, temos que ter cuidado. Às vezes o idioma é uma barreira muito grande para a pessoa e pode não trazer o benefício. Uma sugestão: ao invés de tentar aprender alemão do zero, que tal dar mais uma chance às aulas de espanhol ou fazer uma proficiência em inglês?", sugere Samanta Fabrício Blattes da Rocha, neuropsicóloga do Instituto de Neurologia de Curitiba e doutoranda em medicina interna pela UFPR.
O mesmo vale às famílias que querem que o avô aprenda a mexer em um celular de última geração. O estímulo só fará efeito se a pessoa se identificar com a atividade. Do contrário, será apenas um peso. "Da mesma forma, não faz efeito nenhum se a pessoa só praticar uma vez. Todas as atividades cognitivas precisam ser repetidas, ainda que com intervalo de tempo, com regularidade. Fazer uma vez só não faz nem cócegas no cérebro", reforça Rocha.
Por estimularem movimentos que mesclam o lado direito e esquerdo do corpo (imagine uma posição da ioga onde é preciso erguer mão direita e perna esquerda, enquanto se equilibra nos membros contrários), ioga e pilates exigem que o cérebro entenda o que você quer fazer e por que você está exigindo essa postura. Isso é muito benéfico à saúde cerebral.
A meditação, também, está beneficamente comprovada. "Alguns estudos mostraram que o impacto da perda cognitiva entre pessoas que praticavam a meditação por períodos prolongados, como 10, 20, 30 anos, era menor. O função cognitiva entre essas era melhor em relação a quem não meditava", explica Samanta Rocha, neuropsicóloga.
Estimular o cérebro pela parte cognitiva é fundamental, mas não se deve esquecer do impacto das emoções. Quanto mais tivermos, ao longo da vida, picos de emoções negativas - períodos muito longos de depressão, por exemplo - maior é o risco de chegarmos à velhice com um cérebro não tão saudável.
"O equilíbrio emocional é essencial, especialmente na juventude e meia idade. Não podemos nos esquecer que as nossas emoções também estão no cérebro e as boas precisam ser estimuladas, enquanto as prejudiciais, trabalhadas", reforça a neuropsicóloga Samanta Rocha.
Fonte: Gazeta do Povo