Chefe do Serviço de Neurocirurgia e diretor do Hospital INC, o Dr. Ricardo Ramina detalha como o corante 5-ALA e o Gamma Knife revolucionaram a precisão e tempo
de recuperação para a retirada de tumores.
O câncer cerebral é um dos tumores que exigem mais precisão para retirada, mas quanto mais precoce o diagnóstico melhor pode ser o tipo de procedimento. Neste mês, o “Maio cinza” alerta sobre a importância do diagnóstico da doença, que atualmente conta com os avanços da tecnologia para uma maior eficácia e redução do tempo de recuperação.
Os tumores cerebrais são, em maioria, secundários: surgem em metástases com origem em outras partes do corpo, 50% deles a partir de um câncer de pulmão ou de mama. No Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), 4% das mortes por câncer estão associadas ao câncer cerebral. Isso não é pouco: até 2022, estima-se que sejam diagnosticados 11 mil novos casos de tumores. Boa parte deles, explica o Dr. Ricardo Ramina, chefe do serviço de neurocirurgia e diretor do Hospital INC, podem ser curados com os avanços da tecnologia.
Tecnologia a serviço da saúde
O tumor cerebral é detectado a partir do crescimento desordenado das células normais do cérebro. No caso do tumor primário, é quando essa anomalia tem origem a partir do sistema nervoso central. No Hospital INC, uma das maiores referências na América Latina em procedimentos cirúrgicos do tipo, avanços da tecnologia fazem com que haja precisão na mensuração dos limites tumorais e, também, nas formas de cura do câncer.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, que classificou os tumores cerebrais em 120 categorias diferentes, aproximadamente 98% deles são de natureza benigna, enquanto apenas cerca de 2% são cancerosos.
Uma das técnicas inovadoras é o 5-ALA, que é um sal que funciona como corante que o paciente toma misturado com água algumas horas antes da cirurgia. Pioneiro na América Latina, esta substância faz com que o tumor sob a luz do microscópio cirúrgico, equipado com um filtro especial, adquira uma coloração vermelha bem diferente do tecido cerebral normal, destacando os limites tumorais e permitindo uma maior precisão ao neurocirurgião. Em muitos casos essa técnica é associada a um exame de ressonância magnética intraoperatória de alto campo.
“Esse tipo de avanço é importante porque, em cerca de até 30% dos casos podem permanecer restos do tumor necessitando uma nova cirurgia”, explica Dr Ramina. “Essas técnicas mapeiam a retirada do tumor e auxiliam os neurocirurgiões a removerem totalmente a lesão. Isso, além de tudo, reduz o tempo de recuperação do paciente”.
No caso da radiocirurgia por Gamma Knife, por exemplo, não é preciso nem recorrer ao bisturi. A técnica, chamada de radiocirurgia, trata enfermidades de forma não-invasiva: por meio da entrega de altas doses de radiação no local do sistema nervoso a ser tratado (tumor, por exemplo) com feixes de radiação muito estreitos que convergem para este local com extrema precisão. “Essa técnica, que no Brasil é realiza por pouquíssimos hospitais, é indicada para tumores e malformações vasculares com até 3 cm de diâmetro e que se encontram em áreas profundas do cérebro. Reduz muito o tempo de recuperação do paciente e também em muitos casos a necessidade de uma intervenção cirúrgica”, afirma Dr. Ramina.
O paciente tem seu tratamento realizado, de modo geral, em apenas uma única sessão e sem a necessidade de hospitalização, podendo receber alta no mesmo dia. Como esses feixes de radiação penetram o crânio normal, não são necessários cortes ou incisões para este procedimento.
Fonte: Eco Curitiba e Industria & Comércio, 01/06/2020