Os schwannomas vestibulares, ou também chamados neurinomas do acústico, são tumores complexos da base do crânio que exigem cirurgias de alta complexidade, praticadas pelos melhores neurocirurgiões do mundo. Recentemente, a fim de aumentar a precisão e reduzir os impactos dos procedimentos cirúrgicos, o Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba (PR) desenvolveu um estudo sobre fatores preditores de conservação do nervo facial durante a remoção desses tumores. O material foi divulgado no Journal of Neurological Surgery – Part B – Skull Base, um dos mais relevantes da neurocirurgia.
Conduzido pelo Dr. Gustavo Jung, o trabalho comprovou que a utilização da escala de aderência do tumor ao nervo facial, desenvolvida no Hospital INC para os procedimentos cirúrgicos, tem relação direta com as chances de recuperação do nervo facial no longo prazo, após a retirada do tumor.
“Essa tem sido nossa filosofia de trabalho: associar desenvolvimento científico e tecnológico com um tratamento assistencial individualizado e humanizado”, afirma Jung. “Essa é uma das nossas vertentes de pesquisa em schwannomas vestibulares e tumores complexos da base do crânio, demonstrando a liderança do Instituto de Neurologia no tratamento dessas complexas afecções”.
Além disso, o estudo apontou que sinais radiológicos avaliados na ressonância magnética pré-operatória possuem sensibilidade de 80% na predição do grau de aderência do nervo facial ao schwannoma vestibular. Na prática, essa descoberta significa que será possível auxiliar neurocirurgiões em todo o mundo a melhor entenderem esses tumores, e melhor prepararem seus pacientes para os resultados e evolução pós-operatória.
“A escala ajuda a prever a chance de recuperação do nervo facial no pós-operatório”, detalha. “Com os dados advindos desse estudo, os pacientes terão, antes da cirurgia, uma perspectiva real de 80% sobre a chance de virem a desenvolver paralisia facial no pós-operatório e caso ela venha a acontecer, quais serão suas chances de recuperação espontânea no longo prazo”.
Como funciona o tratamento dos schwannomas vestibulares
Os schwannomas vestibulares são tumores que nascem a partir de células de revestimento dos nervos vestibulares (que inervam o labirinto) e por sua proximidade com o nervo facial (responsável pela mobilidade da face) e o nervo coclear (responsável pela audição), alterações na mobilidade da face e perda auditiva podem advir do tratamento cirúrgico. Pela fragilidade relacionada ao nervo coclear (audição), a perda auditiva já costuma estar presente no pré-operatório, algo relacionado ao efeito compressivo do tumor sobre o nervo.
O nervo facial, em contrapartida, raramente se mostra desfuncionante antes da cirurgia. A remoção cirúrgica dos schwannomas vestibulares é a melhor alternativa tratamento, visto que apesar de ser um tumor benigno, crescimento gradual e progressivo é a regra e maior comprometimento neurológico poderá advir desse crescimento. Os objetivos absolutos da cirurgia para remoção dos schwannomas vestibulares serão a cura do paciente, através da remoção tumoral completa, associada a preservação dos nervos facial e da audição.
“A principal pergunta dos pacientes que recebem indicação de tratamento cirúrgico para essas lesões é: ‘o nervo facial será preservado após a remoção?’ Por isso, realizamos estudos como esse, cujos avanços aumentam a previsibilidade dos resultados cirúrgicos e trazem informações claras e objetivas para os pacientes”, explica Jung.
Fonte: Portal Hospitais Brasil | 24/09/2020