É comum que quem ama um cafezinho reclame de dor de cabeça, tontura, fadiga e dificuldade para se concentrar quando fica sem a bebida. E não é frescura: os médicos chamam isso de “abstinência à cafeína”, uma espécie de ressaca que o nosso cérebro cria quando não encontra a substância disponível.
“A cafeína age como um psicoestimulante não só para o sistema nervoso central, mas também para o coração e acaba melhorando a performance mental e o estado de alerta”, diz o neurologista Paulo Faro, do Hospital INC, em Curitiba. Pelo que explica, os sintomas nada mais são do que um efeito rebote.
Segundo o especialista, isso acontece com mais frequência em quem consome, regularmente, pelo menos 200 mg de café por dia – o equivalente a duas xícaras de 150 ml ou a seis copinhos de plástico daqueles descartáveis. “Um dia que a pessoa fique sem tomar café, ela já pode ter cefaleia, irritação, palpitação e até insônia”, aponta.
Exceção
Só que nem todo mundo que toma café todos os dias sofre essas consequências. Um estudo conduzido pela professora Fabiola Dach, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da USP, mostrou que há exceções.
“O nosso estudo foi pegar pessoas que fazem o uso de café rotineiramente e que tinham queixa de dor de cabeça até três vezes ao mês. Queríamos ver quais delas faziam abstinência e o quanto elas consumiam de café por dia”, descreve.
A primeira coisa que eles perceberam é que os sintomas de abstinência podem vir tanto pela total ausência quanto apenas pela redução do consumo de cafeína. “Se o indivíduo costuma tomar duas xícaras de café por dia e toma uma, ele já pode ter dor de cabeça”, comenta a professora.
E se engana quem pensa que a cafeína está presente só no café. Ela também aparece nos energéticos e estimulantes, em chás do tipo mate, alguns chocolates (especialmente os mais amargos) e em menores quantidades em refrigerantes de cola e guaraná. A diferença nutricional está nos ingredientes que a acompanham nesses produtos.
O consumo excessivo de café pode interferir em tratamentos contra cefaleias, alterar a mobilidade do trânsito gastrintestinal (e, com isso, piorar problemas gástricos como úlcera e gastrite), além de agravar quadros de ansiedade e de insônia. “Para os pacientes com enxaqueca que chegam ao meu consultório, eu recomendo cafeína zero até a situação estar controlada”, relata o neurologista Paulo Faro.
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Fonte: Gazeta do Povo | Sempre Família - 22/02/2021