A morte de Tom Veiga, o intérprete do Louro José, gerou uma comoção nacional, mas também provocou dúvidas. Veiga, que foi encontrado sem vida, aos 47 anos, em sua casa, no último domingo (1º), no Rio de Janeiro, teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico provocado por um aneurisma, conforme o laudo do IML (Instituto Médico Legal). Em entrevista à Banda B, o neurocirurgião Murilo Sousa de Meneses, do Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), explicou o que é a doença, os sintomas e como ela ocorre.
A informação sobre a causa da morte do ator foi divulgada ao vivo, na segunda-feira (2), no programa ‘Mais Você’, da Rede Globo, onde Veiga interpretou o Louro José por mais de 20 anos. Ele foi homenageado pela apresentadora e amiga Ana Maria Braga, com quem dividiu a bancada do programa.
Tom Veiga sofreu um AVC hemorrágico, a quarta doença que mais mata no Brasil, segundo o neurocirurgião Murilo Meneses. No entanto, este Acidente Vascular Cerebral foi provocado por um aneurisma.
De acordo com o médico do Hospital INC, o aneurisma cerebral é uma dilatação na parede de uma artéria intracraniana. “Geralmente, essa parede possui três camadas. Algumas pessoas têm uma pequena fraqueza em uma dessas camadas, e o sangue, com o passar do tempo, vai empurrando o local e forma essa dilatação”, explicou durante entrevista à reportagem da Banda B.
Segundo o Ministério da Saúde, um aneurisma pode se romper e causar uma hemorragia ou permanecer sem estourar durante a vida toda. Ainda, podem ocorrer em qualquer artéria do corpo, como as do cérebro, coração, rim ou abdômen, por exemplo. No caso do cérebro, há maior taxa de mortalidade.
Em relação ao ator e intérprete do Louro José, o aneurisma provocou uma hemorragia no cérebro fazendo com que ele sofresse o AVC. Meneses alertou que pessoas que têm histórico da doença na família possuem maior risco de desenvolver o problema. “É conhecido que 20% dos pacientes têm dois ou mais aneurismas”, destacou.
Murilo deixou claro que o aneurisma cerebral, normalmente, não provoca sintomas, principalmente quando é pequeno. Contudo, se for grande pode comprimir estruturas e causar dificuldades para enxergar ou pode fazer com que o paciente tenha perda de um dos olhos ou dos dois. Há, também, a perda de forças e sensibilidade no corpo.
“O aneurisma vai provocar os sintomas quando romper, e provoca uma hemorragia intracraniana. É clássico o quadro do paciente que tem uma dor de cabeça muito forte que nunca teve antes. Ele pode apresentar rigidez na região da nuca, vômitos, náuseas, perda de consciência e até mesmo convulsões, paralisias e estado de coma”, descreveu.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o aneurisma surge pelo enfraquecimento ou defeito da parede arterial. A pessoa pode nascer com o problema ou adquiri-lo, a partir da hipertensão, tabagismo ou traumatismo, por exemplo.
Conforme a pasta e o neurocirurgião com quem a Banda B conversou, é essencial controlar a pressão arterial; procurar manter índices adequados de glicose, colesterol e triglicérides; reforçar a alimentação saudável; não fumar e evitar a ingestão de bebidas alcóolicas em excesso.
Segundo o médico, aneurismas cerebrais podem atingir desde crianças à pessoas com idade mais avançada. Porém, aparecem com mais frequência em pessoas com idade entre 40 e 60 anos.
O AVC, ou derrame – como é popularmente conhecido -, possui dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico.
O isquêmico, que é mais frequente, se dá pelo entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, e o hemorrágico ocorre quando há o rompimento do vaso provocando sangramento no cérebro.
No caso do AVC hemorrágico, algo mais raro de acontecer, que acometeu o ator Tom Veiga, pode ser causado por doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão.
“O AVC hemorrágico tem causas diferentes. Por exemplo, as pessoas que usam anticoagulantes possuem uma maior facilidade de ter hemorragia [rompimento de uma artéria intracraniana com sangramento]. Pessoas que têm hipertensão arterial não controlada podem desenvolver hemorragias e hematomas no cérebro”, afirmou Murilo.
Dados da World Stroke Organization (Organização Mundial do AVC) apontam que um em cada seis indivíduos no mundo terá um AVC ao longo da vida. Os sinais mais frequentes são: dormência no rosto, braço e perna – geralmente em um lado do corpo apenas – ou fraqueza repentina; confusão mental; alteração cognitiva; dificuldades para entender ou falar; tontura; perda de equilíbrio e; entre outros.
O Datasus de 2018 aponta que 27% das mortes (357,7 mil) ocorridas no ano foram por conta de infartos e AVC, de um total de 1,31 milhão. Este é um dado divulgado pela Banda B e pelo Hospital INC, em abril deste ano, sobre a afirmativa de que infartos e AVCs podem aumentar durante a quarentena imposta pela Covid-19.
Fonte: Banda B | 03/11/2020