INC na Gazeta do Povo: Nossos médicos falam sobre novo medicamento para enxaqueca
Aprovado novo medicamento para enxaqueca que pode ser tomado uma vez por mês
Aprovados pelos órgãos competentes da Europa e Estados Unidos, os anticorpos monoclonais são o futuro dos medicamentos contra o problema
O erenumab é o primeiro medicamento da categoria de anticorpo monoclonal a ser aprovado para o tratamento específico das enxaquecas, e está chamando a atenção de pacientes e especialistas. Por ter poucos efeitos colaterais, a indicação de uso para uma vez por mês, em média, e atuar diretamente na molécula causadora da dor, o medicamento é uma ferramenta importante no combate ao problema.
A atuação do erenumab acontece contra uma substância específica, a molécula CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina), cujo impacto na gênese das enxaquecasfoi comprovada com estudos. Com isso, a expectativa é que atue de forma mais incisiva nos sintomas, prevenindo o desenvolvimento das dores, embora outras medicações usadas até agora também tenham resultados parecidos.A diferença está na origem do remédio. As medicações mais usadas, hoje, na prevenção às enxaquecas vieram importadas de outras áreas, como remédios anticonvulsivantes e a toxina botulínica, cuja primeira atuação era contra o estrabismo. Esse anticorpo monoclonal foi o primeiro voltado exclusivamente às enxaquecas, embora outros medicamentos da mesma classe estejam sendo estudados para a condição.Embora ainda não tenha sido aprovado no Brasil, a expectativa é que o erenumab esteja disponível até o fim do primeiro semestre de 2019.
Enxaquecas crônicas e episódicas Os estudos com o erenumab mostram que o medicamento tem uma atuação importante tanto contra as enxaquecas crônicas quanto as episódicas. Com relação aos efeitos colaterais, por atuar dentro dos vasos sanguíneos, o medicamento é bem tolerado, sem causar reações alérgicas ? comuns nos outros medicamentos.
Ainda assim, o erenumab não caberia a todos os pacientes: "Para cada 4 a 6 pacientes tratados com esse medicamento, um vai se beneficiar no que diz respeito à enxaqueca episódica, aquela que não tem uma frequência tão alta. Como os mecanismos da enxaqueca são vários, não sabemos o quanto o remédio influencia em cada paciente, ou qual é o peso desse peptídeo que o medicamento atua contra", explica Pedro Kowacs, médico neurologista chefe do serviço de neurologia do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC).
Outro detalhe importante, reforçado por Paulo Faro, médico neurologista e chefe do setor de Cefaleia e Dor Orofacial do INC, é não olhar para esses medicamentos como a esperança da cura. "É um tratamento muito bom, mas não vai ser algo milagroso. Quando bem indicado, vai ser muito bom, mas não é algo que venha curar o paciente. É mais uma ferramenta disponível", explica.
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